Hidrocefalia - O que é isso?

por Emmanuel Sá

31/05/2022

A hidrocefalia é um problema muito comum para qualquer neurocirurgião. Aprendemos sobre essa patologia desde o primeiro dia da residência médica. Apesar de ser um tema muito comum, não deve ser menosprezado porque podemos encontrar casos bastante desafiadores.

Dentro do nosso crânio e da nossa coluna, nosso encéfalo e medula espinhal estão envoltos por um líquido chamado líquido cefalorraquidiano, também chamado pela sigla LCR ou líquor. O líquor é produzido por um órgão chamado plexo coróide que se encontra em algumas cavidades do encéfalo chamadas de ventrículos. Esse líquido tem uma função primordialmente protetora. Em situações de trauma, pode absorver uma parte do impacto, em situações de infecção, é uma barreira a mais para proteger o nosso sistema nervoso.

Desenho esquemático da circulação liquórica.

Em geral, há um equilíbrio entre a produção e o escoamento desse líquido para o sistema circulatório. Quando há um desequilíbrio nessa relação, há um acúmulo de LCR que chamamos de hidrocefalia.

Esse desequilíbrio pode se dar pelo aumento da produção de LCR, obstrução de algum canal de passagem do LCR ou dificuldade para a absorção do LCR nas granulações aracnóideas (é o órgão que permite que o LCR chegue ao sistema circulatório).


Diferenças entre o encéfalo normal e quando há hidrocefalia.

Muitas doenças podem provocar a hidrocefalia, entre elas: sangramentos, infecções, tumores ou simplesmente ser congênita (presente durante a formação do bebê) associada ou não a outras malformações, nesse último caso podemos não encontrar uma malformação que justifique a presença da hidrocefalia.

Os sintomas vão variar com a idade do paciente. Em bebês, há o aumento do tamanho da cabeça e o abaulamento da fontanela (a conhecida moleira), além de sonolência e hipoatividade. Em crianças maiores e adultos podemos encontrar dor de cabeça, vômitos, crises convulsivas ou sonolência.

Aferição do perímetro cefálico. Tem grande importância nas crianças menores e recém-nascidos.

O diagnóstico é dado com exames de imagem. Podemos utilizar desde uma tomografia computadorizada à Ressonância magnética. O primeiro exame é o mais fácil de ser encontrado, enquanto que o segundo consegue nos trazer maiores informações sobre a hidrocefalia que podem ajudar a escolher o tipo de tratamento. Em bebês, podemos utilizar também a ultrassonografia transfontanela além dos exames citados anteriormente.

O tratamento irei discutir em outra sessão. Espero ter ajudado vocês a entender mais sobre hidrocefalia.

Dúvidas podem ser enviadas para o e-mail contato@emmanuelneuro.com.

Obrigado!